Redação - 15/08/2023 15:56 || Atualizado: 15/08/2023 17:19
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou a investigação contra o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), por supostas propinas do grupo J&F, para o Tribunal de Justiça do Piauí para distribuição a um juiz criminal de primeira instância que deverá decidir a situação dos demais investigados sem direito a foro privilegiado.
As investigações da Polícia Federal (PF), apontou crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No relatório final da investigação, o delegado federal Rodrigo Borges Correia concluiu que o ministro teria recebido repasses da J&F em troca do apoio do Progressistas à campanha de reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014. Ciro Nogueira dirige o partido por quase uma década e foi aliado dos governos petistas até o impeachment de Dilma.
A Polícia Federal concluiu que, além de R$ 40 milhões em doações eleitorais para o PP regularmente declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ciro Nogueira recebeu outros R$ 5 milhões em dinheiro vivo. Os valores teriam sido repassados através do supermercado Comercial Carvalho, de propriedade do empresário Reginaldo Carvalho, e para o irmão do político Gustavo Nogueira.
De acordo com o depoimento do empresário Reginaldo Carvalho prestado para Polícia Federal, a ordem para efetuar o pagamento foi dado diretamente pelo empresário Joeslei Batista.
" Os pagamentos foram efetuados em atendimento à solicitação de Joeslei Batista, com o qual mantinha relações comerciais, em uma única ocasião, porém foi executada em diversas parcelas, conforme o vencimento das faturas; A tratativa se deu durante um encontro pessoal em evento promovido pelo grupo J&B; Gustavo Nogueira recebeu a planilha com os vencimentos e valores a receber diretamente na Tesouraria do Grupo Carvalho sediada na BR 343, em frente ao Conjunto Tancredo Neves", declarou Reginaldo.
Ainda segundo Reginaldo Carvalho, as primeiras parcelas, foram pagas em mãos para o irmão Ciro, totalizando o valor de R$ 5 milhões.
O tesoureiro do Grupo Carvalho, Gilson de Oliveira Andrade, confirmou também durante depoimento prestado à PF o repasse do dinheiro. "Os referidos pagamentos foram efetivados em dinheiro diretamente em mãos do Gustavo Nogueira, mediante ordem do senhor Reginaldo Carvalho. Porém, a regra de pagamento da empresa é a liquidação de boletos ou transferências bancárias", explicou o tesoureiro, acrescentando que não sabia informar o porquê do pagamento em dinheiro.
O ponto de partida da investigação foi a delação premiada do empresário Joesley Batista, dono da J&F, e do executivo Ricardo Saud, que foi diretor de relações institucionais do grupo.